domingo, 14 de abril de 2019

O LENDÁRIO QUILOMBO “CHACRINHA DOS PRETOS” EM MINAS GERAIS.





A Chacrinha dos Pretos – assim é conhecida a comunidade remanescente de um quilombo de escravos, formado no local por volta do séc. XVII e XVIII. Conhecida pela rica tradição cultural de danças e cantos entoados pelas mulheres que ali residem, bem como pelas ruínas da casa grande onde residia a família do Barão José de Paula Peixoto, de origem portuguesa, a Chacrinha possui na atualidade inúmeros traços que remontam ao Ciclo do Ouro em Minas Gerais (1650 – 1750), período fundamental da formação do território da província Mineira. Reconhecida pela Fundação Palmares como uma Comunidade de Quilombos, a Comunidade Chacrinha dos Pretos está localizada há aproximadamente 8 Km da cidade de Belo Vale \ M.G.  e durante muitos anos seus moradores lutam para ter seus direitos reconhecidos e consequentemente receber investimentos em infra-estrutura, cultura, educação, esporte e lazer.




Segundo relatos correntes, a fazenda onde se situa a localidade foi construída pelo “Barão do Milhão e Meio” - rico português denominado José de Paula Peixoto - que explorava ouro no rio Paraopeba. Peixoto teria construído a antiga sede da Fazenda da Chácara, possivelmente no século XVIII. Esse rico fazendeiro teria vivido com uma de suas escravas para quem deixou a propriedade rural. A escrava herdeira alforriou todos os escravos em época incerta e esses viveram isolados ao redor da fazenda até a chegada da Estrada de Ferro. Teria sido visitada por D. Pedro I em março de 1822, quando recebeu da viúva do ditoso fazendeiro, uma doação de cinqüenta contos de réis para a causa da Independência do Brasil. Não há nenhuma evidência concreta quanto a estes fatos, mas se tal fazenda realmente existiu por volta da proclamação da Independência, dificilmente um quilombo nas mesmas imediações se manteria seguro, com as características próprias deste tipo de comunidade, o que seria historicamente contraditório.






A Ferrovia dividiu a propriedade em duas áreas distintas, sendo uma delas habitada pelos herdeiros desses escravos. Outra versão informa que foi a esposa do Barão que deixou a fazenda para os escravos. Os arquitetos Celina Lemos e José Paiva relata que, a referida esposa do Barão teria passado a dar refúgio aos escravos fugidos.





Segundo a Revista Alterosa datada de 1941, José de Paula Peixoto “alcunhado de Milhão e Meio, dada a sua fabulosa fortuna,” era tido como provável construtor da Fazenda Boa Esperança. Importante salientar que uma pedra que hoje compõe os alicerces de uma edificação dentro das ruínas possui gravada em relevo a data de 1752 e uma misteriosa abreviatura “MD” que antecede a data.





Maria Clareth Reis informa que a data parece indicar a antiguidade da construção da ermida que existia ou da própria sede da fazenda. O Sr. Antônio Rezende informou ainda que as estruturas existentes fossem o porão ou pavimento inferior da casa sede. Conforme relatos dos moradores, o Barão José de Paula Peixoto desenvolvia em sua fazenda tanto atividades de mineração como de agricultura de subsistência, possuindo mil e duzentos (1.200) escravos.





Tendo como referência as ruínas do que seria uma capela nas estruturas da fazenda, os pesquisadores do projeto da UFMG levantaram a hipótese de que poderia tratar-se de uma ermida vinculada à Capela Santa Cruz do Salto citada por D. Frei José da Santíssima Trindade em sua visitação realizada em 1825.


                                                 Fonte: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:4-qGv9tYIsYJ:static.recantodasletras.com.br/arquivos/4107733.pdf+&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br




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