Arqueólogos descobriram um tesouro que revela um breve período na história medieval da Inglaterra, onde as tradições pagãs e cristãs se fundiram e as mulheres ocuparam posições de poder na igreja. Os artefatos foram descobertos em um túmulo de 1.400 anos encontrado nos arredores de Northampton, na Inglaterra, e são considerados alguns dos achados mais significativos desse período. Era 11 de abril, o penúltimo dia de uma escavação de oito semanas na pequena vila de Harpole, quando o arqueólogo Levente-Bence Balázs viu algo saindo da terra. Eram as coroas de dois dentes, que sugeriam um cemitério. “Então, dois itens de ouro apareceram da terra e brilharam para mim”, disse Balázs a Amelia Hill no The Guardian. “Esses artefatos não vêem a luz do dia a 1.300 anos, e ser a primeira pessoa a vê-los é indescritível.” Não é todo dia que os arqueólogos vêem ouro brilhando no solo e na lama. Líder de uma equipe de cinco escavadores do Museu de Arqueologia de Londres (MOLA), Balázs explicou à CNN que foi a primeira vez em 17 anos de escavação que encontrou um artefato feito de metal precioso.
O colar encontrado por arqueólogos (à esquerda) e uma reconstrução
(à direita).
Sua equipe
desenterrou um opulento colar de 30 peças de moedas romanas, granadas,
vidro e pedras semipreciosas – considerado o
colar “mais rico” de seu tipo já encontrado na Grã-Bretanha. O esqueleto havia
se decomposto, exceto por alguns fragmentos de esmalte dentário, mas com base
no fato de colares serem encontrados quase exclusivamente com corpos femininos,
é justo supor que os restos mortais já foram de uma mulher rica ou de alto
escalão.
Radiografias tiradas do túmulo.
A mulher
também foi enterrada com uma grande cruz de prata, dois potes decorados e um
prato raso de cobre. A cruz havia se deteriorado, mas sua forma permaneceu visível
nas imagens de raios-X tiradas do solo ao redor do túmulo. A cruz foi
decorada com rostos humanos de prata incomuns, que sobreviveram à passagem do
tempo.
Rostos de prata do túmulo.
A mistura de objetos no túmulo sugere que a mulher viveu em uma
época, por volta de 630 d.C. e 670 d.C., onde as crenças pagãs e cristãs ainda
se misturavam. “Enterrar pessoas com muitas e muitas jóias é
uma tradição pagã, mas isso obviamente está fortemente inserido na iconografia
cristã, então é um período de mudanças bastante rápidas”, disse o consultor de
arqueologia Simon Mortimer à jornalista
da Associated Press, Jill Lawless. A riqueza e o simbolismo dos
objetos sugerem que a mulher era uma líder cristã rica, como o chefe de uma
abadia ou uma princesa. Os
especialistas concordam que ela deve ter sido uma das primeiras
mulheres na Grã-Bretanha a ocupar uma posição de poder na igreja.
“Este é o
sepultamento feminino medieval mais significativo já descoberto na
Grã-Bretanha”, disse Balázs
ao The Guardian. “É
o sonho de um arqueólogo encontrar algo assim.” Cerca de uma
dúzia de outros túmulos de mulheres de alto status foram
encontrados na Inglaterra, alguns com colares semelhantes. No entanto, poucos
desses locais datam de antes do século VII d.C., pois os sepultamentos de
homens de alto status eram mais comuns. À medida
que o cristianismo se espalhou com força pelo mundo, objetos valiosos como
colares eram menos propensos a serem colocados em túmulos, pois isso era
desaprovado pela igreja cristã primitiva, de acordo com Lyn Blackmore,
arqueóloga do Museu de Arqueologia de Londres.
A peça central do colar.
“O Tesouro de
Harpole não é o mais rico em termos de número de artefatos, mas é o mais rico
em termos de investimento de riqueza… e tem a maior quantidade de ouro e
simbolismo religioso”, disse ela em entrevista coletiva.
Os arqueólogos foram contratados para escavar o local por uma empresa, Vistry
Group, para a construção de um conjunto habitacional. Como os arqueólogos
anunciaram suas descobertas esta semana, os moradores estavam se preparando
para se mudar para a
nova propriedade. A localização exata do local do sepultamento não foi
divulgada, mas sabemos que não construíram nada por cima.
Fonte: https://universoracionalista.org/tumulo-impressionante-que-pertenceu-a-uma-mulher-lider-da-igreja-na-idade-das-trevas-e-descoberto/
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