Um quadro descoberto acidentalmente num sótão nos arredores de Toulouse, na França, deverá ser mesmo da autoria do pintor italiano Caravaggio. Estava abandonado num sótão e foi encontrado pelo proprietário da casa durante a reparação de um telhado. A obra do mestre chiaroscuro poderá valer até 120 milhões de euros. Era a notícia mais esperada pelo mundo da arte nos últimos dias. Será uma segunda versão de Judite e Holofernes, datado de 1599, cujo paradeiro era desconhecido desde há 400 anos.
A confirmação foi avançada esta terça-feira numa conferência de imprensa que teve lugar em Paris, após um estudo conduzido pelo especialista em história da arte Eric Turquin. Depois de um processo de restauração e autenticação que durou quase dois anos, e que decorreu em absoluto segredo, a pintura foi revelada esta terça-feira à imprensa. Eric Turquin descreveu a descoberta como “o momento mais bonito” da sua carreira e revelou que manteve o quadro escondido no seu próprio quarto “como medida de segurança”. Segundo o especialista, o quadro contem uma “luz única, uma energia típica de Caravaggio, sem correções, o que significa que é autêntico”. O quadro foi descoberto no sótão de uma casa nos arredores de Toulouse em 2014 por uma família que optou por permanecer no anonimato. Antes de ser entregue aos cuidados de Eric Turquin, em Paris, foi levada para a casa de um avaliador de arte local. A pintura representa uma cena bíblica na qual a heroína Judite decapita o general assírio Holofernes em defesa da sua cidade. O quadro é semelhante à outra conhecida composição do pintor italiano que se encontra em exposição na Galeria Nacional de Arte Antiga de Roma. A existência da obra está documentada no testamento do pintor flamenco do século XVII Louis Finson. Original ou não, "uma obra-prima". O quadro vai continuar a ser restaurado e analisado por especialistas do Museu do Louvre, num processo que poderá durar mais um ano, segundo o jornal Le Figaro.
O próprio ministro francês da Cultura emitiu no dia 25 de março um drecreto no qual proíbe que o quadro seja levado para outro país durante pelo menos 30 dias. O Governo "rejeita o certificado de exportação pedido para uma pintura possivelmente atribuído a Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio (...) recentemente redescoberta e de grande valor artístico, que poderia ser identificada como uma composição perdida de Caravaggio". Apesar do grau de certeza do historiador que avaliou a obra, permanecem dúvidas sobre a sua autenticidade. Eric Turquin aceita estas dúvidas, assumindo que “nunca haverá consenso”. Afirma, porém que, não obstante essas dúvidas, “todos os especialistas concordam numa coisa: trata-se de uma obra-prima”. Caso fique provado que o quadro é um Caravaggio, o Estado francês terá prioridade em adquirir a obra-prima reencontrada.
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