Na Escócia, David
Booth, um caçador de tesouros amador, empregado como chefe do departamento de
caça de um safári local - Blair Drummond Safari Park-, encontrou joias de ouro
da antiguidade estimadas em 1 milhão de libras esterlinas (R$ 5.063.000,00). Elas estavam
enterradas em um campo perto da cidade de Stirling. Ele as achou usando um
detector de metais. O grupo das joias, mostrado ao público no
início do mês passado, numa exposição no Museu Nacional da Escócia, foi
classificado como a descoberta mais importante da Idade do Ferro, já encontrado
no país.
O achado é composto
de quatro colares de ouro datando do período entre os séculos I e III
a.C. Três deles estão em condições quase perfeitas, enquanto que o quarto
apresenta algum desgaste. Dois colares têm como modelo a chamado “cordão
torcido” que era uma maneira de fazer uma joia com fios rígidos de ouro
torcido; uma maneira já conhecida na época, neste local. O terceiro
colar foi feito de uma maneira associada ao artesanato da época do sul da
França, e até hoje o único exemplar desse tipo encontrado na Escócia. O
quarto colar mostra técnicas de manufatura – como o trançado de fios de ouro –
encontrado só nos países mediterrâneos ou de grande influencia mediterrânea.
Provavelmente esses colares pertenceram a uma pessoa
influente, um líder local, poderoso, que ao se vestir com essas joias mostraria sua importância e riqueza. Além disso, elas mostrariam
também a habilidade de seu dono de negociar ou de conquistar outros povos,
outras gentes, particularmente os povos estabelecidos no continente europeu.
Uma
comissão de arqueólogos deve agora avaliar as joia. De acordo com a lei
escocesa, quaisquer objetos arqueológicos encontrados na Escócia pertencem à
Coroa britânica. Mesmo assim David Booth deve receber uma boa
quantia como prêmio pelo achado: a tradição leva a crer que a quantia
corresponda ao valor do achado. Ainda não se sabe ao certo quando essas joias estarão à mostra para o público. A data será estabelecida
pelo Comitê de Apoio às Descobertas Arqueológicas da Escócia [Scottish Archaeological Finds Advisory
Panel] que no momento auxilia os arqueólogos locais a melhor
explorarem o sítio arqueológico descoberto por David Booth. As joias
foram encontradas a apenas 15 cm de profundidade. Disse o descobridor que
só se lembrava que a área — terras particulares para as quais tinha permissão
de vasculhar com seu detector de metais — era conhecida por sítios
arqueológicos da Idade do Ferro, mas que não lhe passava pela cabeça que
pudesse encontrar algo de tanta grandiosidade.
Foram
encontradas cinco peças todas datando do mesmo período [300 -100 a.C.]:
duas são fragmentos de um único colar, que foi feito no estilo desenvolvido no
Sudoeste da França: característico pelo círculo duro, fechado com uma
dobradiça e um fecho. No entanto, a peça que tornou os arqueólogos mais
excitados foi o colar que apresenta decorações em cada ponta, feito por 8
arames de ouro alçados juntos, e embelezados por finíssimos fios e
correntes. Essa técnica aparece definitivamente só as áreas
do Mediterrâneo. Assim, esses colares, só por terem sido
descobertos, já estão reescrevendo a história local. Eles mostram que
havia mais conexões entre as tribos escocesas – tradicionalmente vistas como
muito isoladas – e outras tribos da Idade do Ferro no coração da Europa.
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