Tudo o que Luciano Faggiano
queria quando ele comprou um edifício aparentemente normal em Lecce, na
Itália, era abrir uma taberna. O único problema era o esgoto do banheiro. Então
Gaggiano pediu ajuda aos seus dois filhos mais velhos para cavar uma
trincheira e investigar. Ele previu que o trabalho levaria cerca de uma semana.
E ele
descobriu algo incrível ao cavar o banheiro: corredores subterrâneos
e outros quartos conforme continuava cavando.Sua busca por uma tubulação de esgoto, começou em 2000, tornou-se um conto de família de obsessão e descoberta. Ele encontrou um mundo subterrâneo que remonta há milhares de anos: um túmulo Messápio (antiga tribo
que habitava a zona meridional da Apúlia antes da conquista por parte de Roma), um
celeiro romano, uma capela franciscana e até gravuras dos Cavaleiros
Templários.
Sua taberna tornou-se um museu,
onde as relíquias ainda estão hoje. As descobertas vieram após a retirada de um
fundo falso que descia para outro piso de pedra medieval, que levava ao
túmulo Messápio, povo que vivia na região séculos a.C. Em
seguida, a família descobriu uma câmara usada para armazenar grãos pelos
antigos romanos, e um porão de um convento franciscano onde as freiras
preparavam os corpos dos mortos.Depois de vizinhos desconfiarem das atividades
na taberna de Faggiano, autoridades foram contatadas, e a escavação foi
suspensa. Após conseguir uma autorização, ele continuou escavando, e descobriram
vários outros tesouros arqueológicos, como vasos antigos, garrafas
devocionais romanas, um anel antigo com símbolos cristãos, artefatos medievais,
afrescos escondidos e muito mais.
A Itália tem uma grande história, com impérios e civilizações
antigas construídas uma em cima da outras como camadas de um bolo. Os
agricultores ainda desenterram cerâmicas ao arar seus campos. Locais de
escavação são comuns em cidades antigas como Roma, onde as relíquias
subterrâneas são protegidas da expansão do sistema metroviário. Situada no
calcanhar da bota italiana, Lecce era outrora uma encruzilhada crítica na região
do Mediterrâneo, cobiçada por invasores gregos, romanos, otomanos, normandos
e lombardos. Durante séculos, uma coluna de mármore que carrega uma
estátua do padroeiro de Lecce, Orontius, dominava a praça central da cidade –
até os historiadores, em 1901, descobrirem um anfiteatro romano abaixo, levando
à remover a coluna para que o anfiteatro pudesse ser escavado.
“As primeiras camadas de Lecce datam do tempo de Homero, ou
pelo menos de acordo com a lenda”, disse Mario De Marco, um historiador local,
observando que os invasores foram atraídos pela localização estratégica da
cidade e as perspectivas de saques. “Cada uma dessas populações veio e deixou
um rastro.”
Severo Martini, um membro do Conselho da Cidade, disse que
relíquias arqueológicas surgem regularmente – e podem apresentar uma dor
de cabeça para o planejamento urbano. Um projeto para construir um shopping
teve de ser redesenhado após a descoberta de um antigo templo romano sob o
local de um estacionamento, por exemplo.
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