Milhares de artefatos do final do século 19 e
início do 20 foram encontrados em Ipanema e no Leblon, zona sul do Rio de
Janeiro, durante escavações do metro da Linha 4 que ligará a Barra da Tijuca,
zona oeste, à Tijuca, zona norte. Esta é a segunda vez que milhares de peças
são encontradas pela equipe de arqueologia contratada pelo Consórcio Linha 4
Sul. A primeira foi no ano passado ao lado da antiga estação da Leopoldina,
centro da capital fluminense.
Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil
As
cerca de 1.800 peças incluem porcelanas, pratos, tigelas, talheres, moedas,
vidro e trilhos do bonde que funcionou nos bairros a partir de 1902. O
coordenador da equipe que investiga a existência de artigos históricos no
local, Cláudio Prado de Mello, explicou que os artefatos ajudarão a revelar
detalhes desse período de ocupação da região, quando os bairros tinham cerca de
100 chácaras, de acordo com documentos históricos.
O
trabalho arqueológico começou em janeiro de 2013 e tem a fiscalização do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e
Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). “O trabalho arqueológico
continua até a inauguração do metrô, em 2016. Hoje mesmo estávamos dando uma
entrevista quando encontraram um outro sistema do bonde”, disse.
Alguns
utensílios estão intactos como peças de louça, porcelana e frascos de vidro.
Até penicos foram encontrados, alguns com matéria orgânica no interior. Eles
serão encaminhados para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para que passem por
análise de paleoparasitologia.
“Vamos
tentar descobrir as doenças que esse povo de 100, 200 anos atrás tinha”, disse
o arqueólogo. “Será mais uma contribuição da ciência arqueológica para a
médica. Isso pode engradecer e muito o conhecimento da parasitologia”, completou.
Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil
Outra
curiosidade é uma ampola de vidro com líquido translúcido ainda não
identificado. Todo o material recolhido está acondicionado e será estudado e
exposto em trabalhos de educação patrimonial para a comunidade, como
orienta o licenciamento ambiental, instituído pela Lei 6.938/81 e pela
Resolução do Conama n° 237 de 19 de dezembro de 1997. Além disso, as peças
serão organizadas e fotografadas para a produção de um catálogo.
Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil
O
arqueólogo explicou que o aprofundamento da origem dos artefatos pode ajudar a
estabelecer explicações para contatos entre sociedades diferentes, relações de
comércio antes desconhecidas, Prado de Mello ainda tem esperanças de encontrar
vestígios pré-coloniais na área. “Um sepultamento indígena, um acampamento
indígena, do século 8, pois viviam ali as tribos Jaboracyá e Kariané”, explicou
o arqueólogo.
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